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DEPOIS DO HAMBÚGER DE CARNE, É A VEZ DO LEITE E DERIVADOS.

Fabio Pando • Oct 07, 2019
Fabio Pando | CEO da Horizon Consulting.

Se você ainda não comeu um hambúrguer feito de plantas e não de carne bovina, em breve comerá. Assim como salsichas, linguiças, almôndegas etc. E o melhor: nem notará a diferença. Esta é a promessa que inúmeras empresas do setor alimentício estão fazendo e trabalhando duro, sejam elas empresas tradicionais ou Startups que, baseadas em tecnologia, estão criando novas opções de alimentos, como carne sintética, ingredientes modificados, orgânicos, biodinâmicos e outros nomes ainda desconhecidos do grande público.

Apenas recentemente começamos ouvir falar de hambúrguer de plantas com sabor, bem diferente dos já existentes feitos com soja e sabor duvidoso. Se por aqui isto é uma novidade, em mercados mais desenvolvidos, já deixou de ser um produto de nicho de mercado e começa a tomar o gosto do grande público.

Nos EUA por exemplo, somente a categoria de carnes à base de vegetais vale mais de US $ 800 milhões, com vendas 10% superiores sobre 2018. A carne à base de plantas agora responde por 2% das vendas de carne embalada no varejo. A carne refrigerada à base de plantas está impulsionando o crescimento da categoria, com vendas acima de 37%. Em comparação, as vendas na categoria de carne convencional cresceram apenas 2% durante o mesmo período.

E não é somente com carnes à base de vegetais. Todos os alimentos de plantas registram crescimentos importantes. Novos dados divulgados pela Plant Based Foods Association e pelo Good Food Institute mostram que as vendas de alimentos à base de plantas nos EUA cresceram 11% no ano passado, elevando o valor total de mercado à base de plantas para US $ 4,5 bilhões. O mercado total de alimentos no varejo dos EUA cresceu apenas 2% nas vendas em dólares durante o mesmo período, mostrando que os alimentos à base de plantas são os principais fatores de crescimento para os varejistas em todo o país. Desde abril de 2017, as vendas totais de alimentos à base de plantas aumentaram 31%.

Se a carne à base de plantas já é uma realidade para nós, o que podemos dizer do leite e seus derivados? Bem, a situação aqui é mais impressionante ainda.

O consumo de leite à base de plantas aumentou devido à ausência de colesterol e lactose, tornando-o adequado para um grupo de população que sofre de intolerância à lactose e doenças cardíacas e, em geral, para todos. Prevê-se que o mercado norte americano de alternativas de leite à base de plantas cresça a uma CAGR (Compound Annual Growth Rate, ou Taxa Composta Anual de Crescimento. Este índice representa a taxa de retorno de um investimento em um determinado período de tempo) de 15% entre 2013 e 2018 e deverá atingir um valor de US $ 14 bilhões.

Prevê-se que o mercado de bebidas funcionais atinja 208,13 bilhões de dólares em 2024. Prevê-se uma CAGR de 8,66% durante o período de previsão (2019-2024).

As taxas de crescimento de leite e derivados de plantas, já apresentam taxas de crescimento de 2 dígitos em quase todas as categorias, de acordo com um levantamento realizado pela Nielsen:
Em categorias de produtos específicas, como carne, leite, queijo e iogurte, os alimentos à base de plantas estão superando significativamente o crescimento das vendas de alimentos à base de animais. Por outro lado, as categorias de iogurte e leite de origem animal estão em declínio.
Além disso, na mesma pesquisa pode-se notar que os atributos demográficos de compradores de alimentos à base de plantas são compradores de maior renda, representando uma oportunidade para os varejistas atraírem consumidores de alto valor e aumentarem o tamanho médio da cesta, apresentando uma grande variedade de opções de carne e leite à base de plantas.

De acordo com o estudo da Livenkindly, a autora Nadia Ragg, mostra que o mercado global alternativo de laticínios deverá crescer a uma CAGR de 12,4% durante o período previsto de 2018 a 2025 – um aumento de 2,6% na CAGR em relação ao período anterior.

Interessante notar que a demanda por laticínios está caindo, enquanto as alternativas baseadas em plantas aumentam em popularidade. Essa iniciativa é, em parte, devido aos millennials, dos quais compõem a maior população de veganos. Além disso, a metade dos consumidores americanos de laticínios que também compram alternativas veganas está impulsionando o mercado.

A pesquisa mostra que enquanto as novas alternativas de produtos à base de plantas crescem, o consumo dos chamados carnívoros e de leite de vaca está caindo.

Um levantamento do The Guardian mostra que embora o leite de vaca ainda seja um mercado muito maior, no valor de mais de 3 bilhões de libras, os britânicos compram menos litros do que seus pais. O que antes era considerado uma fonte de saúde completa parece que está saindo de moda; o consumo médio de leite de uma pessoa no Reino Unido caiu 50% desde os anos 50.

Não apenas no Reino Unido, mas também nos EUA. De acordo com pesquisas recentes relatadas no jornal Sunday Morning, os americanos estão bebendo 37% menos leite do que há 50 anos. De fato, no último meio século, os Estados Unidos perderam um milhão de fazendas leiteiras. É um grande impacto para o concorrido mercado leiteiro.

As vendas de leites à base de plantas cresceram 6% no ano passado, agora representando 13% de toda a categoria de leite. Enquanto isso, as vendas de leite de vaca caíram 3% no mercado norte americano.

No ano passado, o iogurte vegetal cresceu 39%, enquanto o iogurte convencional caiu 3%; o queijo à base de plantas cresceu 19%, enquanto o queijo convencional está estagnado; e os sorvetes à base de plantas e as novidades congeladas cresceram 27%, enquanto os sorvetes convencionais e as novidades congeladas cresceram apenas 1%. Veja os quadros abaixo da Plant Based Food Association:
DE -> PARA

  • Vertical -> Horizontal
  • Hierárquica -> Descentralizada
  • Comando & Controle -> Poder decisão na ponta
  • Silos internos -> Equipes multidisciplinares
  • Visão produto -> Visão cliente
  • Áreas segregadas -> Times de clientes
 
Importante: não adianta você colocar várias pessoas para se sentarem em um mesmo ambiente e chamar isso de Squad ou Metodologia Ágil. Não se engane. Para as equipes trabalharem desta forma, é preciso além de metodologia, uma mudança profunda no mindset de todos, a começar pelos executivos de cima.

2. Equipe protagonista: Os executivos precisam entender que o protagonismo agora deve ser das equipes e não deles. Empresa que acredita que poucos executivos pensam e os demais executam, está fadada ao fracasso. São as pessoas que estão em contato direto com os clientes é quem melhor tem condições de melhorar a vida dos mesmos. Os executivos devem se colocar à serviço das equipes, orientando, dando as diretrizes mais amplas e ajudando no desenvolvimento de seus colaboradores.
 
3. Atrito zero: Sua empresa tem de reduzir ao máximo todo e qualquer atrito na jornada do cliente. Isso inclui a revisão de todos os processos, abordagens e interações. O papel da sua empresa é se tornar invisível ao cliente. Ele simplesmente desfruta de seu produto e serviço, enquanto você faz o trabalho pesado nos bastidores e em silêncio. Em todas as interações com seus clientes, sempre há um trabalho a ser feito. Existem dois caminhos: a) Você terceiriza o trabalho e os custos para o cliente e a satisfação dele cai, ou b) Você internaliza o trabalho e seus custos e a satisfação do cliente aumenta. A decisão cabe à sua empresa. E aos seus concorrentes, óbvio.
 
4. Visão de fora para dentro: Quem manda na relação é o cliente e não sua empresa. É imperativo que as empresas parem de desenvolver produtos, soluções, interfaces etc., com a visão de tecnologia. Se a sua empresa trabalha desta forma, pare imediatamente, porque ela está em risco. Qualquer forma de interação com o cliente deve e precisa ser feita de acordo com a visão dele. A partir disso, a área de tecnologia deve desenvolver o que o cliente entende e não o que os técnicos sabem. Jargões técnicos ficam proibidos sob todas as formas. Se você considera que seus processos e sistemas devem estar acima de seus clientes, lamento em dizer que a sua empresa já está morta e você como executivo ou empresário já foi obsoletado pelo mercado. Espero que você já tenha construído um bom patrimônio, porque será expulso do mercado rapidamente.
 

Tenho consciência que a mudança para o novo mercado dentro das empresas é difícil, complexa, cara e que leva tempo. Mas o tamanho do desafio é este. Estamos todos em um momento de mudanças épicas na sociedade e apenas quem conseguir se adaptar rápido, continuará no mercado.

Ao invés de ficar na fase de negação, que tal começar já esta mudança? Quanto mais o tempo passa, mais caro fica.

Boa sorte. Você vai precisar.
A mudança está acontecendo de forma rápida. Vimos a abolição das sacolas plásticas tradicionais nos maiores supermercados, a eliminação no uso dos canudos de plástico e agora a opção por produtos que não tenham origem animal. E novamente a geração millennials (nascidos após o início da década de 1980 até ao final da década de 1990) representam o início desta mudança e a próxima geração -Z (nascidos entre meados dos anos 1990 até o início do ano 2010) não apenas acompanharam, como aprofundaram esta mudança.

Aparentemente esta nova geração adota os produtos de origem vegetal por 5 aspectos básicos:

1- Algum tipo de intolerância;

2- A adoção do Veganismo, um novo estilo de vida que muda os hábitos alimentares de quem opta por uma vida mais saudável.

3- Bem-estar animal;

4- Receio de consumir produtos com antibióticos ou outros componentes;

5- Maior consciência ambiental.

Este último item aparece com forte impacto e alta ressonância neste público. Para afastar ainda mais o mercado de alimentos de produtos derivados de animais, 60 novos outdoors foram erguidos em Los Angeles, pedindo aos quatro milhões de habitantes da cidade que abandonassem os laticínios. Com relação à mudança, Marilyn Kroplick M.D., presidente da In Defense of Animals, declarou: “Os laticínios são realmente assustadores, e é hora de parar de revestir os bolsos da indústria de laticínios às custas de nossa saúde, meio ambiente e bem-estar animal”.

O apelo à consciência ambiental é revestido de novas informações impactantes, que até pouco tempo atrás ninguém tinha qualquer tipo de conhecimento. Veja o quadro abaixo da Grain & IATP (GRAIN é uma pequena organização internacional sem fins lucrativos que trabalha para apoiar pequenos agricultores e movimentos sociais em suas lutas por sistemas alimentares controlados pela comunidade e baseados na biodiversidade. IATP é o Instituto de Agricultura e Política Comercial dos EUA).
De acordo com eles, as 5 maiores empresas de carnes e laticínios somadas, emitem mais gases do efeito estufa em relação as empresas tradicionalmente ligadas ao impacto ambiental, como as empresas de energia – Óleo e Gás, como Exxon Mobil, Shell e BP (Beyond Petroleum), sendo a brasileira JBS a líder em emissões.

A continuar o lançamento de produtos derivados de plantas, por meio de empresas tradicionais ou Startups que utilizam cada vez mais a tecnologia no desenvolvimento de alimentos cada vez mais saborosos e com preços competitivos, um dia talvez, você se tornará vegano sem saber.

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Por Fabio Pando 26 jun., 2020
Photo: Wyron A on Unsplash Fabio Pando | CEO da Horizon Consulting. É fato desde os primórdios que o ser humano não gosta de insegurança e incertezas. Em épocas complexas, onde o ninguém tinha certeza sobre o porvir, inúmeras pessoas se prontificaram a prever o futuro. Evidentemente, todas erraram pelo simples motivo de que o futuro é caprichoso e insiste em se desvendar apenas em seu tempo. Nem um segundo antes, seja para quem for não importando suas boas intenções. Antes de você acreditar que eu seja um arauto do apocalipse, vamos aos fatos: O jornalista Wagner Barreira, que tem estudado a gripe espanhola desde 2017, quando começou a pesquisar a chegada da doença ao Brasil para compor seu romance "Demerara", nos conta que depois da gripe espanhola surgiu no Brasil o movimento tenentista, que reivindicava mais participação das classes médias urbanas, que desembocaria na Revolução de 30. Ocorreram saques e cemitérios 24h. Na Itália houve o nascimento do fascismo. Mas a sociedade, cem anos depois, é muito diferente daquela do início do século passado. Então, falamos de liberalidade de costumes, um certo empoderamento feminino e de soluções radicais na política, sinais que vão em direções opostas. A pandemia atual do Covid 19 encontrou os países com níveis de endividamento gigantesco, e não apenas nos chamados países em desenvolvimento. O grande museu a céu aberto que é a Europa e que vive basicamente do turismo que foi ao chão desde o início das quarentenas. Para sobreviverem, estão pedindo empréstimos ao mercado. Como exemplo, a Espanha começou a pagar juros quatro vezes maior desde o início da crise. Portugal por três e Itália por dois. O Centro Nacional de Pesquisa Científica de Paris fez um cálculo assustador: se a Itália tomar emprestado 250 bilhões de Euros ao ano, apenas o aumento de um ponto percentual do seu juro, representará um custo de 2,5 bilhões a mais, o que significa um terço de seus gastos anuais com a saúde. A Grécia e Portugal que começavam a sair de uma recessão grave e estavam se recuperando com o turismo, voltaram a uma situação difícil novamente. Os Dinamarqueses reduziram o gasto com turismo e entretenimento em 80%! A saída da quarentena não será decretada de uma vez. Ela será um processo em si. Não veremos a idílica situação onde as pessoas sairão às ruas todas ao mesmo tempo se abraçando em um congraçamento universal. Mesmo quando ela passar, os casos irão diminuir lentamente, ou seja, a contaminação continuará. O trágico exemplo da Itália nos mostra que após alcançar o pico das mortes de 900 por dia, hoje ela ainda convive com um pouco acima de 300, o que é muito ainda. Além disso continuaremos a ter que lidar com a incerteza, dado que pouco sabemos sobre a doença. Mesmo com a liberação lenta e gradual, não sabemos se o vírus sofrerá algum tipo de mutação e se teremos a volta do confinamento com um segundo pico de contágio. Provavelmente teremos que conviver com um libera-fecha por um bom tempo. Na China onde tudo começou e hoje vive uma liberação da quarentena, a economia roda a 90%. Pode parecer pouco, mas longe disso. A locomoção de pessoas, incluindo metrô e voos domésticos teve redução de 30%, bem como a taxa de ocupação dos hotéis. Os restaurantes viram o movimento cair 40%. As pessoas têm medo do desemprego, que segundo dados extraoficiais, chega a 20% e o número de empresas que entraram em Recuperação Judicial vem aumentando. Caso a economia Norte Americana caia 10%, seria a maior queda desde a 2.a guerra mundial. A previsão é que o PIB caia mesmo, entre outros aspectos, porque é muito difícil determinar o preço do risco neste momento, o que levará a desaceleração da recuperação no mercado de ações. Neste cenário incerto, considerando o que ocorreu ao longo da história, veremos uma recessão longa e profunda, o que poderá fomentar a raiva dos cidadãos com seus governos. Sistemas de saúde ineficientes ou inexistentes, levará as pessoas a pressionarem por reformas mais profundas, principalmente quando perceberem que como sempre, o maior peso do fardo foi colocado nos ombros dos mais pobres e a onda de desemprego bate mais forte para eles. Esta pressão por mudanças, poderá levar ao crescimento de governos populistas, que tem como uma de suas características a visão de curto prazo e o aumento da interferência governamental na economia e na liberdade dos cidadãos. Uma economia fraca em geral é palco perfeito para alimentar o protecionismo, a xenofobia, a desinformação e a ignorância, como não vemos há muito tempo. Nada garante que tais governos não comecem a gastar sem responsabilidade com as contas públicas, com o discurso de salvar vidas, o que pode agravar ainda mais a combalida economia e as finanças públicas. Os problemas vão além dos orçamentos governamentais. Em algumas cidades do México os enfermeiros estão indo trabalhar sem seus uniformes, dado que estão sendo agredidos ou expulsos dos ônibus por acreditarem que os mesmos estão espalhando o vírus. O mesmo acontece nas Filipinas, onde pessoas atacaram um enfermeiro com água sanitária deixando-o cego. Para evitar mais ataques, o presidente filipino Rodrigo Duterte avisou que ordenará a polícia local a prender os agressores e, uma vez na prisão, não serão alimentados, deixando-os morrer de fome! Na Índia um grupo de profissionais de saúde foi perseguido por uma multidão que atirava pedras. No Paquistão, uma enfermeira e seus filhos foram despejados do prédio onde moravam. Outros relataram ataques físicos ou ameaça de violência sexual pelo fato de tratarem pacientes contaminados. Aqui no Brasil, mesmo com as merecidas palmas nas varandas, as ameaças contra profissionais de saúde já começaram também, com eventos relatados em São Paulo e no Distrito Federal. Outro grupo de profissionais, os jornalistas, passam a ser também alvo de ameaças à sua integridade física, na medida que uma parte pequena, porém ruidosa e covarde de pessoas, passam a acreditar que eles estão contra um determinado caminho, diferente de suas ideologias totalitárias. A tendência é que os ataques aumentem lamentavelmente, caso os órgãos de controle e repressão da violência não se posicionem rapidamente a respeito. É evidente que a minha torcida e o meu sentimento é para um mundo melhor, mas a razão não cansou de me trazer exemplos na história mais recente da humanidade, de que antes não foi assim. Mas, como comecei este artigo, reforço mais uma vez que ninguém sabe o que acontecerá, incluindo eu, claro. São momentos como este que errar uma previsão será motivo de comemoração, junto com a família e amigos, matando a saudade que há muito me incomoda.
Por Fabio Pando 18 fev., 2020
Fabio Pando | CEO da Horizon Consulting. Modelos de negócio antes tidos como seguros e consolidados ruíram em poucos anos. Não pela falta de inovação ou capacidade técnica de seus executivos, mas pelo fato de que o contexto ao qual seu negócio atuava acabou. Exemplos não faltam: Kodak, Xerox, Blockbuster, Olivetti, Editora Abril entre inúmeros outros. Nos últimos anos vimos um forte movimento no mundo corporativo na busca da inovação e novas formas de atender seus clientes. Novos modelos de negócio surgiram na esteira do desenvolvimento tecnológico que, sem barreiras geográficas ou regulatórias como é de sua essência, avançaram a uma velocidade nunca vista pela humanidade. Não é a primeira vez que as empresas montam uma área de inovação. Bem com não é a primeira vez que as mesmas adotam abordagens e metodologias que chegam como se fossem a resposta para todos os seus problemas empresariais, tais como: Qualidade total Orçamento base zero Gestão celular Reengenharia Governança corporativa Responsabilidade empresarial, e mais recentemente, Sustentabilidade Branding Design Thinking Metodologias ágeis Squads, entre dezenas de outros. Todas foram importantes em seus momentos, mas como toda ferramenta ou metodologia, existem limitações que apenas outra mais moderna ou a combinação de várias podem resolver questões complexas. Assim como tudo na vida, o mundo corporativo também tem as suas “modas”. Sempre recomendo aos meus alunos e equipes executivas das empresas em que trabalho, para nunca se apaixonarem pelo método, dado que se trata apenas de ferramentas. Apaixonem-se pelo problema da empresa e não pela solução momentânea. A paixão pelo problema nos obriga a procurar e desenvolver novas formas de resolução, que podem e devem ser atualizadas sempre. A paixão pela solução nos faz parar no tempo e passar a defender o que criamos e não o que o cliente precisa. Em determinadas situações, é preciso jogar fora tudo o que criamos e aprendemos, para termos a liberdade de descobrir novos caminhos e soluções que surpreendam os clientes e a concorrência. A palavra-chave aqui é desapego. Algo difícil de se encontrar atualmente. Há 5 anos atrás iniciou-se uma verdadeira corrida nas empresas para a criação de áreas de inovação internas, com o objetivo de não ficarem para trás dos modelos mais modernos de gestão, influenciados pelas empresas de tecnologia do vale do silício na Califórnia. Era a corrida do ouro recomeçando na costa oeste norte-americana. Novas metodologias surgiam e as empresas descobriram que era necessário agora fazer as coisas de acordo com a visão de seu cliente. Apesar de nada de novo no conteúdo, agora a forma ficou importante. Nomes criativos, espaços modernos e divertidos eram necessários para que a inovação ocorresse. Em determinadas empresas aconteceu algo diferente do imaginado: uma nova cultura empresarial mais moderna, leve e inclusiva das chamadas áreas de inovação passou a conviver com uma cultura mais hierarquizada, lenta e letárgica das áreas de negócio tradicionais. O que ocorre em inúmeras empresas, é que a área de inovação fica isolada das áreas de negócio. Uma olha para o Vale do Silício, que é moderno, atraente e inovador. As áreas tradicionais cuidam do que eu chamo do Vale do Anhangabaú, onde não há glamour algum, as questões são pesadas e burocráticas, mas é o lugar que, com todos os seus problemas, garante a receita da empresa. Se você quer que a sua empresa inove de verdade, faça ela entregar bem o que prometeu aos seus clientes. Parece simples, mas não é. Na realidade é muito mais divertido criar uma solução digital que pouquíssimos clientes utilizarão e que em breve será abandonada pela empresa, do que fazer com que os clientes saibam onde está o produto entre a compra e a entrega, ou simplesmente terem sua reclamação atendida, que na verdade não deveria ter sequer existido. Muitas empresas e seus executivos ainda não compreenderam o valor do atrito zero com os clientes. Insistem em processos mal idealizados, burocráticos e intermináveis. O principal objetivo da criação de uma área de inovação, é mudar a empresa por dentro, ou seja, levar novas formas, metodologias e ferramentas para todas as áreas internas trabalharem com uma nova abordagem e visão. Fazer com que a empresa mude da visão-produto para a visão-cliente. Se a área de inovação ainda existe na sua empresa, pode significar que ela ainda não encontrou o real motivo de sua existência, que paradoxalmente é, deixar de existir. A esta altura, todas as áreas internas de sua empresa deveriam ter absorvido as novas metodologias e ferramentas que os profissionais de inovação e tecnologia conhecem, bem como Design Thinking, Open Innovation, Hackathon, User Experience, Storytelling, Golden Circle, Canvas, Metodologia U, Octógono de Inovação, Lean Startup, Growth Hacking, Cisne Negro, Prototipagem acelerada, Radar de Inovação, Matriz GUT, Ideaton, Data Drive, Mapaton, Moon Shot, entre inúmeras outras. Se a sua empresa ainda mantém uma área de inovação, pode ser um sinal grave de perda de competitividade, pelo fato de que todas as demais áreas ainda trabalham com metodologias ultrapassadas desenvolvidas nas décadas de 70, 80 e 90, por executivos que deixaram a universidade com seus MBAs, e nunca mais se atualizaram. Relegar a inovação da empresa para a área de inovação é um equívoco grave e mais comum do que podemos imaginar. A inovação antes de tudo, deve ser vista como uma mudança de modelo mental por parte dos executivos e áreas operacionais. Não se trata apenas de novas metodologias e ferramentas, mas uma nova forma de ser e de fazer negócios. Acredite, investir em um departamento de inovação completamente isolado é uma maneira terrível de gastar seu orçamento em inovação. Parece lógico ter um departamento de inovação completamente separado. Com regras e objetivos diferentes daqueles que se aplicam ao restante da organização, parece o remédio perfeito para a incapacidade de uma organização grande e inerte de inovar. As grandes organizações concentram-se principalmente na melhoria e estabilidade graduais. Parece fazer sentido ter um departamento de inovação que não esteja vinculado pelas mesmas cadeias de eficiência compreensíveis, mas limitantes. No entanto, isso se torna problemático quando o departamento de inovação está tão distante do resto da organização que não mais escuta funcionários de outros departamentos e não sabe mais o que está acontecendo. Obviamente, na realidade, os funcionários de outros departamentos não implementarão as ideias que a área de inovação idealizou. Na verdade, eles nem concordam com um piloto adequado para testar uma dessas novas “ideias inovadoras”. Eles provavelmente darão a esses brinquedos do departamento de inovação a menor prioridade. Eles não foram incluídos, não puderam compartilhar seus problemas, ideias ou desejos e provavelmente não estão muito animados para começar a trabalhar com o novo produto. Eles certamente não serão os embaixadores que a empresa precisa. Ao ter ideias para novos produtos, serviços ou processos, você deve sempre incluir as pessoas que realmente o usarão ou trabalharão nele. Eles sabem o que está acontecendo. Eles sabem o que precisam. A partir disso, com as ferramentas corretas e atualizadas, todos conseguirão gerar inovação e valor para todos. Não se iludam. Os grandes problemas das inovações ocorrem por falha na execução e não na ideação. Por isso que apesar dos investimentos maciços de tempo e dinheiro gerenciais, a inovação continua sendo uma busca frustrante em muitas empresas. A capacidade de inovação de uma organização deriva de um sistema de inovação: um conjunto coerente de processos e estruturas interdependentes que determina como a empresa procura novos problemas e soluções, sintetiza ideias no conceito de negócios e nos projetos de produtos e seleciona quais projetos serão financiados. Mais importante do que desenvolver produtos e serviços inovadores, é fundamental que a empresa tenha uma estratégia de inovação, suportada por processos e sistemas claros e tangíveis. Sem uma estratégia de inovação, diferentes partes de uma organização podem facilmente perseguir prioridades conflitantes - mesmo se houver uma estratégia de negócios clara. Faça com que a área de inovação de sua empresa entregue seu principal objetivo, que é colocar a inovação dentro de todas as áreas da empresa, para então, orgulhosamente e com o dever cumprido, sair de cena.
Por Fabio Pando 18 fev., 2020
Fabio Pando | CEO da Horizon Consulting. O mundo corporativo em qualquer organização deste planeta, tem suas formas de acompanhamento e mensuração de resultados. Repleto de siglas e nomes diferentes, tais como CAGR, Ebitda, margem de contribuição, ponto de equilíbrio, ROI, ROIC, market share, margem líquida, liquidez corrente, índice de cobertura de juros entre inúmeros outros. Todos importantes e que ajudam os executivos a verificar seus esforços e orientar suas equipes para a entrega dos resultados esperados. Porém, todos estes indicadores consideram o mesmo prazo, que é o que chamo de período de plantão dos executivos, ou seja, o tempo de avaliação que uma equipe executiva tem durante a sua gestão à frente do negócio. Ocorre que para determinados objetivos empresariais é necessário um tempo que extrapola o período de trabalho de uma equipe executiva. Se você nunca pensou a respeito disso, saiba que não está só. A pressão por resultados de curto prazo, o que é normal, leva toda equipe executiva a se preocupar somente com a entrega próxima, dado que a mesma foi combinada no fim do ano fiscal imediatamente anterior. Alguns podem dizer que para lidar com este tipo de assunto, as empresas definem na sua essência de marca, conceitos de visão, missão e valores. O que ocorre na maioria das vezes é que isto não está funcionando como deveria, devido a principalmente o seguinte: A própria empresa que definiu tais conceitos, não tem ideia sobre como tirá-los do papel. Os conceitos são genéricos demais. Os temas ali tratados são etéreos e não são claros para todos. Quando são claros e a governança sobre os mesmos acontece, são questões corporativas mais distantes, e não do indivíduo que está a frente do negócio e tem autoridade para definir a agenda da empresa. Quando entramos em uma empresa, não importa qual, recebemos ativos que foram construídos por uma ou mais gerações que nos antecederam. Considerando todos os problemas e oportunidades da época, nos deixaram algo que, agora temos que levar adiante. A esta herança, chamo de legado corporativo . Ou seja, todo o resultado da empresa que recebemos, com seus ativos e passivos, fruto do trabalho, esforço e suor de inúmeros desconhecidos que nos antecederam. A pergunta que faço é: qual o legado que você deixará para a próxima geração que herdará a empresa, fruto de sua gestão como principal executivo à frente do negócio? Estou convencido que todo o conselho de administração de qualquer empresa deveria considerar na avaliação de resultados da equipe executiva, além dos índices tradicionais mencionados no início deste artigo, aspectos intergeracionais, ou seja, indicadores que afetarão diferentes ciclos de diferentes gestões executivas. Na Nova Zelândia, a ênfase nas crianças é tal que a primeira-ministra Jacinda Arden criou um cargo para si, de ministra para redução da pobreza infantil. O país também acaba de criar o “orçamento de bem-estar”, focado no bem-estar intergeracional, diante do diagnóstico de que o orçamento tradicional tem prioridades de curto prazo. No orçamento alternativo, destacam-se gastos com sustentabilidade ambiental, transição tecnológica e investimento na primeira infância. Na Coreia do Sul, houve uma grande discussão cívica sobre qual seria o caminho, estratégias, recursos e modelo de gestão sobre a educação nacional. Qualquer que fosse o partido que vencesse as eleições, teria de se comprometer com tais definições, independente de visão partidária ou ideologia. Eles entenderam que a educação é tipicamente uma questão intergeracional. Quando um CEO e sua gestão entrarem e quando saírem da empresa, deveriam ser avaliados pelo conselho de acordo com os seguintes critérios, além dos tradicionais já utilizados: Valor de marca; Valor da ação; Índice de satisfação de clientes; Inovações desenvolvidas; Novos produtos e ou marcas e suas respectivas contribuições para a empresa; Desenvolvimento das equipes, medindo a contribuição de cada um dentro da empresa, de forma clara e precisa e não pela quantidade de treinamentos que a empresa oferece; Criação de valor, que leva em conta a capacidade de favorecer a competitividade da empresa após a saída da liderança atual. Ações específicas realizadas na empresa durante a gestão da equipe atual, que irão beneficiar a geração futura de colaboradores e clientes e não apenas os atuais. Índice de criação de ativos materiais e imateriais. Para deixar mais claro, trago um exemplo deste conceito, que é o magazine Luiza. Fundada em 1957 na cidade de Franca, sob a gestão de d. Luiza Helena Trajano, sobrinha da fundadora, a rede que começou com 1 loja, chamada A Cristaleira, alcançou mais de 1.000 lojas. Este foi o legado que o seu filho, Frederico Trajano recebeu quando assumiu o cargo de CEO, com o objetivo de digitalizar a rede. Com a digitalização, a empresa teve o melhor resultado de sua história, com um lucro líquido de R$ 389 milhões, um aumento de 300% comparado ao ano anterior de 2016. Suas vendas totalizam atualmente R$ 14,4 bilhões. Sua operação on-line ganhou 12 vezes o troféu Diamante no prêmio excelência em qualidade comércio eletrônico – B2C. Ambos construíram ativos relevantes para a empresa e deixaram legados importantes para a próxima geração de executivos, que se beneficiarão deste patrimônio herdado, e que serão traduzidos em ganhos de competitividade e facilidade no atingimento de suas metas. Evidentemente que tudo o que é herdado consiste em aspectos positivos e negativos e tal legado deve ser analisado sob a perspectiva do saldo remanescente, que deve ser necessariamente mais positivo do que negativo, claro. Uma pergunta que frequentemente faço aos CEOs de diferentes empresas, refere-se ao legado que deixarão na empresa, quando o seu período de plantão momentâneo se encerrar e uma nova geração chegar. A maioria entende e se preocupa com o tema, porém quase nenhum relata ter uma metodologia específica que trate do assunto de forma clara e precisa. O CEO de qualquer empresa deve ter em mente que a sua posição está muito além da entrega dos resultados esperado pelos acionistas. Esta função traz em si a definição da agenda da empresa, do foco e para onde todos os colaboradores devem olhar. Ao trabalharem por objetivos que vão além dos relatórios financeiros, a empresa impactará não apenas as atuais e futuras gerações, mas também o reflexo de suas ações na sociedade. É dever do conselho de administração de qualquer empresa, que representa os acionistas, ter métodos de avaliação de construção de valor no tempo, para além do grupo de executivos que cuidam do dia a dia da empresa. Passar um tempo em uma empresa e entregar todos os resultados financeiros esperados é importante, necessário e uma obrigação de uma equipe executiva, mas é muito pouco para quem tem a oportunidade e o privilégio de poder deixar uma marca relevante para as próximas gerações, que ainda nem pensam em trabalhar na empresa que atualmente você por acaso, esteja de plantão. O legado fará parte de sua história. É o que fica no tempo. A entrega dos resultados é o mínimo que se espera de uma equipe executiva. O legado é antes de tudo uma questão pessoal e que a vida nos cobra.
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