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O NOVO PRECONCEITO

goomarksiteotimizado • Aug 27, 2019
As empresas estão estimulando um novo tipo de preconceito?  

A tecnologia que sempre trouxe facilidade, praticidade e conveniência, tomou uma extraordinária dimensão com as novas empresas que, munidas de muita tecnologia e vontade de resolver os problemas das pessoas, passaram a oferecer serviços de forma muito mais simples do que as ofertas tradicionais do mercado.

Até pouco tempo atrás, nós os simples mortais, tínhamos que nos adaptar aos processos burocráticos, lentos e ilógicos das empresas que desenvolviam suas soluções com a visão interna, geralmente feitos sob medida para um engenheiro com especialização no MIT.

Nos restava apenas nos resignar e aprender a duras penas o caminho para lidarmos com um simples celular ou uma máquina de lavar roupas, com suas funções obscuras repleta de termos técnicos.

Podemos notar que uma diferença básica entre as empresas da nova economia digital, chamadas de Startups e as empresas tradicionais é o ponto de partida de cada um destes modelos. Enquanto as Startups partem de um problema real do cliente e tentar resolvê-lo, as empresas tradicionais partem de seus processos internos, suas limitações de recursos e da visão dos órgãos reguladores de seus mercados. Evidentemente que nesta visão curta, a chance de surgir alguma inovação tende a zero.

Mas há a contrapartida. Enquanto as Startups entendem muito do cliente, elas cometem erros graves em relação a forma de gerir seu negócio. Diferentemente das empresas tradicionais que estão há muito tempo no mercado, elas sentem dificuldade em formatar seu plano de negócio, não compreendem profundamente a legislação fiscal, não conseguem desenvolver uma política de pricing adequada e frequentemente acabam encerrando suas atividades de forma melancólica, enterrando uma boa ideia no momento de sua execução. Evidentemente que ambas poderiam aprender muito uma com a outra. Mas há vários impedimentos para isso. Um dos que mais me chamam a atenção atualmente é algo que imaginei que não aconteceria.

As novas empresas que surgem a reboque da tecnologia trazem novas formas de organização interna, agilidade e foco no cliente, o que é muito bom. Porém há um traço amargo neste ambiente, que chamo de preconceito etário.

Nestes ambientes não há espaço para o preconceito conhecido e disseminado, como o de cor, raça, credo e gênero. A geração mais nova já entra no mercado de trabalho com um grau de consciência destes aspectos que reduz muito a possibilidade de haver algum. E isto foi uma evolução muito positiva. Há muito o que fazer ainda neste aspecto, mas estamos no caminho certo.

O preconceito etário parte de uma premissa falsa, que é de que pessoas acima dos 40 anos não entendem o que eles fazem. Por não serem nativos digitais, suas ideias e conceitos já não servem para o que acreditam ser o que é certo para desenvolverem um Unicórnio (empresa de tecnologia que atinge 1 milhão de dólares de valor de mercado).

Se você tem dúvidas sobre isso, visite uma Startup não em um escritório, mas em um Coworking que é onde se localizam seus ninhos. Certamente a idade média não supera os 30 anos. E não há nada de errado com isso. Absolutamente. O problema está no fato de que não deveria existir nestes ambientes qualquer traço de preconceito, declarado ou inconsciente, dado que a nova geração já chega ao mercado de trabalho com uma mente mais aberta. Ou pelo menos deveria. É como se houvesse a premissa de que pessoas mais experientes não conseguem inovar.

Ocorre que a realidade se mostra diferente disso. Os fóruns mais ricos em que participo é quando há uma mescla de idade entre os executivos, e onde há espaço para que cada um possa se expressar livremente sem qualquer julgamento.

Em alguns casos, notei que no momento de uma contratação, a nova geração primeiro prefere trazer seus similares. Seja de idade ou formação. Quando, porém, não conseguem resolver algum problema específico, acabam contratando uma consultoria geralmente composta por executivos mais experientes para ajudá-los. E novamente a mescla geracional se mostra eficiente.

Atualmente os fundos de investimento, em seus diferentes formatos seja um Ventures Capital ou Private Equity, quando aportam o chamado smart-money, ou seja, não apenas dinheiro injetado na companhia e sim uma combinação de capital e auxílio na estratégia e gestão da empresa, se preocupam com 4 aspectos básicos em um investimento:
  • Marca
  • Tecnologia
  • Expansão ou Escala
  • Pessoas (qualidade do corpo diretivo). Neste último aspecto procuram mesclar executivos de diferentes idades e experiências.
As empresas tradicionais que sentem que estão ficando para trás, procuram mimetizar o modelo das Startups e lamentavelmente praticam o mesmo preconceito etário. Dispensam os executivos mais experientes e os substituem por pessoas mais novas. A cada executivo experiente que sai, a empresa perde um pouco de sua expertise, que a fez chegar até o momento atual. Evidentemente que a redução de custo reforça este movimento, porém pode ser que um problema de gestão só seja notado no médio prazo. Mas como a conta é feita apenas com variáveis de curto prazo, isto não importa agora.

A oxigenação sempre foi bem-vinda em qualquer empresa e não há nenhuma novidade em trazer executivos mais novos. Quando, porém, esta troca é feita no atacado, a empresa perde parte de seu know-how e não é oferecida à nova geração a oportunidade de também aprender o que apenas a tecnologia não resolve, como ponderação, sabedoria, intuição e aspectos humanos tão importantes na gestão de pessoas.

Tem coisas que uma família ensina. Outras a escola, um chefe ou uma empresa ensinam. Porém existem coisas que apenas a vida e a experiência conseguem ensinar. Ambas as gerações podem aprender muito uma com as outras. Basta querer.

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Por Fabio Pando 26 jun., 2020
Photo: Wyron A on Unsplash Fabio Pando | CEO da Horizon Consulting. É fato desde os primórdios que o ser humano não gosta de insegurança e incertezas. Em épocas complexas, onde o ninguém tinha certeza sobre o porvir, inúmeras pessoas se prontificaram a prever o futuro. Evidentemente, todas erraram pelo simples motivo de que o futuro é caprichoso e insiste em se desvendar apenas em seu tempo. Nem um segundo antes, seja para quem for não importando suas boas intenções. Antes de você acreditar que eu seja um arauto do apocalipse, vamos aos fatos: O jornalista Wagner Barreira, que tem estudado a gripe espanhola desde 2017, quando começou a pesquisar a chegada da doença ao Brasil para compor seu romance "Demerara", nos conta que depois da gripe espanhola surgiu no Brasil o movimento tenentista, que reivindicava mais participação das classes médias urbanas, que desembocaria na Revolução de 30. Ocorreram saques e cemitérios 24h. Na Itália houve o nascimento do fascismo. Mas a sociedade, cem anos depois, é muito diferente daquela do início do século passado. Então, falamos de liberalidade de costumes, um certo empoderamento feminino e de soluções radicais na política, sinais que vão em direções opostas. A pandemia atual do Covid 19 encontrou os países com níveis de endividamento gigantesco, e não apenas nos chamados países em desenvolvimento. O grande museu a céu aberto que é a Europa e que vive basicamente do turismo que foi ao chão desde o início das quarentenas. Para sobreviverem, estão pedindo empréstimos ao mercado. Como exemplo, a Espanha começou a pagar juros quatro vezes maior desde o início da crise. Portugal por três e Itália por dois. O Centro Nacional de Pesquisa Científica de Paris fez um cálculo assustador: se a Itália tomar emprestado 250 bilhões de Euros ao ano, apenas o aumento de um ponto percentual do seu juro, representará um custo de 2,5 bilhões a mais, o que significa um terço de seus gastos anuais com a saúde. A Grécia e Portugal que começavam a sair de uma recessão grave e estavam se recuperando com o turismo, voltaram a uma situação difícil novamente. Os Dinamarqueses reduziram o gasto com turismo e entretenimento em 80%! A saída da quarentena não será decretada de uma vez. Ela será um processo em si. Não veremos a idílica situação onde as pessoas sairão às ruas todas ao mesmo tempo se abraçando em um congraçamento universal. Mesmo quando ela passar, os casos irão diminuir lentamente, ou seja, a contaminação continuará. O trágico exemplo da Itália nos mostra que após alcançar o pico das mortes de 900 por dia, hoje ela ainda convive com um pouco acima de 300, o que é muito ainda. Além disso continuaremos a ter que lidar com a incerteza, dado que pouco sabemos sobre a doença. Mesmo com a liberação lenta e gradual, não sabemos se o vírus sofrerá algum tipo de mutação e se teremos a volta do confinamento com um segundo pico de contágio. Provavelmente teremos que conviver com um libera-fecha por um bom tempo. Na China onde tudo começou e hoje vive uma liberação da quarentena, a economia roda a 90%. Pode parecer pouco, mas longe disso. A locomoção de pessoas, incluindo metrô e voos domésticos teve redução de 30%, bem como a taxa de ocupação dos hotéis. Os restaurantes viram o movimento cair 40%. As pessoas têm medo do desemprego, que segundo dados extraoficiais, chega a 20% e o número de empresas que entraram em Recuperação Judicial vem aumentando. Caso a economia Norte Americana caia 10%, seria a maior queda desde a 2.a guerra mundial. A previsão é que o PIB caia mesmo, entre outros aspectos, porque é muito difícil determinar o preço do risco neste momento, o que levará a desaceleração da recuperação no mercado de ações. Neste cenário incerto, considerando o que ocorreu ao longo da história, veremos uma recessão longa e profunda, o que poderá fomentar a raiva dos cidadãos com seus governos. Sistemas de saúde ineficientes ou inexistentes, levará as pessoas a pressionarem por reformas mais profundas, principalmente quando perceberem que como sempre, o maior peso do fardo foi colocado nos ombros dos mais pobres e a onda de desemprego bate mais forte para eles. Esta pressão por mudanças, poderá levar ao crescimento de governos populistas, que tem como uma de suas características a visão de curto prazo e o aumento da interferência governamental na economia e na liberdade dos cidadãos. Uma economia fraca em geral é palco perfeito para alimentar o protecionismo, a xenofobia, a desinformação e a ignorância, como não vemos há muito tempo. Nada garante que tais governos não comecem a gastar sem responsabilidade com as contas públicas, com o discurso de salvar vidas, o que pode agravar ainda mais a combalida economia e as finanças públicas. Os problemas vão além dos orçamentos governamentais. Em algumas cidades do México os enfermeiros estão indo trabalhar sem seus uniformes, dado que estão sendo agredidos ou expulsos dos ônibus por acreditarem que os mesmos estão espalhando o vírus. O mesmo acontece nas Filipinas, onde pessoas atacaram um enfermeiro com água sanitária deixando-o cego. Para evitar mais ataques, o presidente filipino Rodrigo Duterte avisou que ordenará a polícia local a prender os agressores e, uma vez na prisão, não serão alimentados, deixando-os morrer de fome! Na Índia um grupo de profissionais de saúde foi perseguido por uma multidão que atirava pedras. No Paquistão, uma enfermeira e seus filhos foram despejados do prédio onde moravam. Outros relataram ataques físicos ou ameaça de violência sexual pelo fato de tratarem pacientes contaminados. Aqui no Brasil, mesmo com as merecidas palmas nas varandas, as ameaças contra profissionais de saúde já começaram também, com eventos relatados em São Paulo e no Distrito Federal. Outro grupo de profissionais, os jornalistas, passam a ser também alvo de ameaças à sua integridade física, na medida que uma parte pequena, porém ruidosa e covarde de pessoas, passam a acreditar que eles estão contra um determinado caminho, diferente de suas ideologias totalitárias. A tendência é que os ataques aumentem lamentavelmente, caso os órgãos de controle e repressão da violência não se posicionem rapidamente a respeito. É evidente que a minha torcida e o meu sentimento é para um mundo melhor, mas a razão não cansou de me trazer exemplos na história mais recente da humanidade, de que antes não foi assim. Mas, como comecei este artigo, reforço mais uma vez que ninguém sabe o que acontecerá, incluindo eu, claro. São momentos como este que errar uma previsão será motivo de comemoração, junto com a família e amigos, matando a saudade que há muito me incomoda.
Por Fabio Pando 18 fev., 2020
Fabio Pando | CEO da Horizon Consulting. Modelos de negócio antes tidos como seguros e consolidados ruíram em poucos anos. Não pela falta de inovação ou capacidade técnica de seus executivos, mas pelo fato de que o contexto ao qual seu negócio atuava acabou. Exemplos não faltam: Kodak, Xerox, Blockbuster, Olivetti, Editora Abril entre inúmeros outros. Nos últimos anos vimos um forte movimento no mundo corporativo na busca da inovação e novas formas de atender seus clientes. Novos modelos de negócio surgiram na esteira do desenvolvimento tecnológico que, sem barreiras geográficas ou regulatórias como é de sua essência, avançaram a uma velocidade nunca vista pela humanidade. Não é a primeira vez que as empresas montam uma área de inovação. Bem com não é a primeira vez que as mesmas adotam abordagens e metodologias que chegam como se fossem a resposta para todos os seus problemas empresariais, tais como: Qualidade total Orçamento base zero Gestão celular Reengenharia Governança corporativa Responsabilidade empresarial, e mais recentemente, Sustentabilidade Branding Design Thinking Metodologias ágeis Squads, entre dezenas de outros. Todas foram importantes em seus momentos, mas como toda ferramenta ou metodologia, existem limitações que apenas outra mais moderna ou a combinação de várias podem resolver questões complexas. Assim como tudo na vida, o mundo corporativo também tem as suas “modas”. Sempre recomendo aos meus alunos e equipes executivas das empresas em que trabalho, para nunca se apaixonarem pelo método, dado que se trata apenas de ferramentas. Apaixonem-se pelo problema da empresa e não pela solução momentânea. A paixão pelo problema nos obriga a procurar e desenvolver novas formas de resolução, que podem e devem ser atualizadas sempre. A paixão pela solução nos faz parar no tempo e passar a defender o que criamos e não o que o cliente precisa. Em determinadas situações, é preciso jogar fora tudo o que criamos e aprendemos, para termos a liberdade de descobrir novos caminhos e soluções que surpreendam os clientes e a concorrência. A palavra-chave aqui é desapego. Algo difícil de se encontrar atualmente. Há 5 anos atrás iniciou-se uma verdadeira corrida nas empresas para a criação de áreas de inovação internas, com o objetivo de não ficarem para trás dos modelos mais modernos de gestão, influenciados pelas empresas de tecnologia do vale do silício na Califórnia. Era a corrida do ouro recomeçando na costa oeste norte-americana. Novas metodologias surgiam e as empresas descobriram que era necessário agora fazer as coisas de acordo com a visão de seu cliente. Apesar de nada de novo no conteúdo, agora a forma ficou importante. Nomes criativos, espaços modernos e divertidos eram necessários para que a inovação ocorresse. Em determinadas empresas aconteceu algo diferente do imaginado: uma nova cultura empresarial mais moderna, leve e inclusiva das chamadas áreas de inovação passou a conviver com uma cultura mais hierarquizada, lenta e letárgica das áreas de negócio tradicionais. O que ocorre em inúmeras empresas, é que a área de inovação fica isolada das áreas de negócio. Uma olha para o Vale do Silício, que é moderno, atraente e inovador. As áreas tradicionais cuidam do que eu chamo do Vale do Anhangabaú, onde não há glamour algum, as questões são pesadas e burocráticas, mas é o lugar que, com todos os seus problemas, garante a receita da empresa. Se você quer que a sua empresa inove de verdade, faça ela entregar bem o que prometeu aos seus clientes. Parece simples, mas não é. Na realidade é muito mais divertido criar uma solução digital que pouquíssimos clientes utilizarão e que em breve será abandonada pela empresa, do que fazer com que os clientes saibam onde está o produto entre a compra e a entrega, ou simplesmente terem sua reclamação atendida, que na verdade não deveria ter sequer existido. Muitas empresas e seus executivos ainda não compreenderam o valor do atrito zero com os clientes. Insistem em processos mal idealizados, burocráticos e intermináveis. O principal objetivo da criação de uma área de inovação, é mudar a empresa por dentro, ou seja, levar novas formas, metodologias e ferramentas para todas as áreas internas trabalharem com uma nova abordagem e visão. Fazer com que a empresa mude da visão-produto para a visão-cliente. Se a área de inovação ainda existe na sua empresa, pode significar que ela ainda não encontrou o real motivo de sua existência, que paradoxalmente é, deixar de existir. A esta altura, todas as áreas internas de sua empresa deveriam ter absorvido as novas metodologias e ferramentas que os profissionais de inovação e tecnologia conhecem, bem como Design Thinking, Open Innovation, Hackathon, User Experience, Storytelling, Golden Circle, Canvas, Metodologia U, Octógono de Inovação, Lean Startup, Growth Hacking, Cisne Negro, Prototipagem acelerada, Radar de Inovação, Matriz GUT, Ideaton, Data Drive, Mapaton, Moon Shot, entre inúmeras outras. Se a sua empresa ainda mantém uma área de inovação, pode ser um sinal grave de perda de competitividade, pelo fato de que todas as demais áreas ainda trabalham com metodologias ultrapassadas desenvolvidas nas décadas de 70, 80 e 90, por executivos que deixaram a universidade com seus MBAs, e nunca mais se atualizaram. Relegar a inovação da empresa para a área de inovação é um equívoco grave e mais comum do que podemos imaginar. A inovação antes de tudo, deve ser vista como uma mudança de modelo mental por parte dos executivos e áreas operacionais. Não se trata apenas de novas metodologias e ferramentas, mas uma nova forma de ser e de fazer negócios. Acredite, investir em um departamento de inovação completamente isolado é uma maneira terrível de gastar seu orçamento em inovação. Parece lógico ter um departamento de inovação completamente separado. Com regras e objetivos diferentes daqueles que se aplicam ao restante da organização, parece o remédio perfeito para a incapacidade de uma organização grande e inerte de inovar. As grandes organizações concentram-se principalmente na melhoria e estabilidade graduais. Parece fazer sentido ter um departamento de inovação que não esteja vinculado pelas mesmas cadeias de eficiência compreensíveis, mas limitantes. No entanto, isso se torna problemático quando o departamento de inovação está tão distante do resto da organização que não mais escuta funcionários de outros departamentos e não sabe mais o que está acontecendo. Obviamente, na realidade, os funcionários de outros departamentos não implementarão as ideias que a área de inovação idealizou. Na verdade, eles nem concordam com um piloto adequado para testar uma dessas novas “ideias inovadoras”. Eles provavelmente darão a esses brinquedos do departamento de inovação a menor prioridade. Eles não foram incluídos, não puderam compartilhar seus problemas, ideias ou desejos e provavelmente não estão muito animados para começar a trabalhar com o novo produto. Eles certamente não serão os embaixadores que a empresa precisa. Ao ter ideias para novos produtos, serviços ou processos, você deve sempre incluir as pessoas que realmente o usarão ou trabalharão nele. Eles sabem o que está acontecendo. Eles sabem o que precisam. A partir disso, com as ferramentas corretas e atualizadas, todos conseguirão gerar inovação e valor para todos. Não se iludam. Os grandes problemas das inovações ocorrem por falha na execução e não na ideação. Por isso que apesar dos investimentos maciços de tempo e dinheiro gerenciais, a inovação continua sendo uma busca frustrante em muitas empresas. A capacidade de inovação de uma organização deriva de um sistema de inovação: um conjunto coerente de processos e estruturas interdependentes que determina como a empresa procura novos problemas e soluções, sintetiza ideias no conceito de negócios e nos projetos de produtos e seleciona quais projetos serão financiados. Mais importante do que desenvolver produtos e serviços inovadores, é fundamental que a empresa tenha uma estratégia de inovação, suportada por processos e sistemas claros e tangíveis. Sem uma estratégia de inovação, diferentes partes de uma organização podem facilmente perseguir prioridades conflitantes - mesmo se houver uma estratégia de negócios clara. Faça com que a área de inovação de sua empresa entregue seu principal objetivo, que é colocar a inovação dentro de todas as áreas da empresa, para então, orgulhosamente e com o dever cumprido, sair de cena.
Por Fabio Pando 18 fev., 2020
Fabio Pando | CEO da Horizon Consulting. O mundo corporativo em qualquer organização deste planeta, tem suas formas de acompanhamento e mensuração de resultados. Repleto de siglas e nomes diferentes, tais como CAGR, Ebitda, margem de contribuição, ponto de equilíbrio, ROI, ROIC, market share, margem líquida, liquidez corrente, índice de cobertura de juros entre inúmeros outros. Todos importantes e que ajudam os executivos a verificar seus esforços e orientar suas equipes para a entrega dos resultados esperados. Porém, todos estes indicadores consideram o mesmo prazo, que é o que chamo de período de plantão dos executivos, ou seja, o tempo de avaliação que uma equipe executiva tem durante a sua gestão à frente do negócio. Ocorre que para determinados objetivos empresariais é necessário um tempo que extrapola o período de trabalho de uma equipe executiva. Se você nunca pensou a respeito disso, saiba que não está só. A pressão por resultados de curto prazo, o que é normal, leva toda equipe executiva a se preocupar somente com a entrega próxima, dado que a mesma foi combinada no fim do ano fiscal imediatamente anterior. Alguns podem dizer que para lidar com este tipo de assunto, as empresas definem na sua essência de marca, conceitos de visão, missão e valores. O que ocorre na maioria das vezes é que isto não está funcionando como deveria, devido a principalmente o seguinte: A própria empresa que definiu tais conceitos, não tem ideia sobre como tirá-los do papel. Os conceitos são genéricos demais. Os temas ali tratados são etéreos e não são claros para todos. Quando são claros e a governança sobre os mesmos acontece, são questões corporativas mais distantes, e não do indivíduo que está a frente do negócio e tem autoridade para definir a agenda da empresa. Quando entramos em uma empresa, não importa qual, recebemos ativos que foram construídos por uma ou mais gerações que nos antecederam. Considerando todos os problemas e oportunidades da época, nos deixaram algo que, agora temos que levar adiante. A esta herança, chamo de legado corporativo . Ou seja, todo o resultado da empresa que recebemos, com seus ativos e passivos, fruto do trabalho, esforço e suor de inúmeros desconhecidos que nos antecederam. A pergunta que faço é: qual o legado que você deixará para a próxima geração que herdará a empresa, fruto de sua gestão como principal executivo à frente do negócio? Estou convencido que todo o conselho de administração de qualquer empresa deveria considerar na avaliação de resultados da equipe executiva, além dos índices tradicionais mencionados no início deste artigo, aspectos intergeracionais, ou seja, indicadores que afetarão diferentes ciclos de diferentes gestões executivas. Na Nova Zelândia, a ênfase nas crianças é tal que a primeira-ministra Jacinda Arden criou um cargo para si, de ministra para redução da pobreza infantil. O país também acaba de criar o “orçamento de bem-estar”, focado no bem-estar intergeracional, diante do diagnóstico de que o orçamento tradicional tem prioridades de curto prazo. No orçamento alternativo, destacam-se gastos com sustentabilidade ambiental, transição tecnológica e investimento na primeira infância. Na Coreia do Sul, houve uma grande discussão cívica sobre qual seria o caminho, estratégias, recursos e modelo de gestão sobre a educação nacional. Qualquer que fosse o partido que vencesse as eleições, teria de se comprometer com tais definições, independente de visão partidária ou ideologia. Eles entenderam que a educação é tipicamente uma questão intergeracional. Quando um CEO e sua gestão entrarem e quando saírem da empresa, deveriam ser avaliados pelo conselho de acordo com os seguintes critérios, além dos tradicionais já utilizados: Valor de marca; Valor da ação; Índice de satisfação de clientes; Inovações desenvolvidas; Novos produtos e ou marcas e suas respectivas contribuições para a empresa; Desenvolvimento das equipes, medindo a contribuição de cada um dentro da empresa, de forma clara e precisa e não pela quantidade de treinamentos que a empresa oferece; Criação de valor, que leva em conta a capacidade de favorecer a competitividade da empresa após a saída da liderança atual. Ações específicas realizadas na empresa durante a gestão da equipe atual, que irão beneficiar a geração futura de colaboradores e clientes e não apenas os atuais. Índice de criação de ativos materiais e imateriais. Para deixar mais claro, trago um exemplo deste conceito, que é o magazine Luiza. Fundada em 1957 na cidade de Franca, sob a gestão de d. Luiza Helena Trajano, sobrinha da fundadora, a rede que começou com 1 loja, chamada A Cristaleira, alcançou mais de 1.000 lojas. Este foi o legado que o seu filho, Frederico Trajano recebeu quando assumiu o cargo de CEO, com o objetivo de digitalizar a rede. Com a digitalização, a empresa teve o melhor resultado de sua história, com um lucro líquido de R$ 389 milhões, um aumento de 300% comparado ao ano anterior de 2016. Suas vendas totalizam atualmente R$ 14,4 bilhões. Sua operação on-line ganhou 12 vezes o troféu Diamante no prêmio excelência em qualidade comércio eletrônico – B2C. Ambos construíram ativos relevantes para a empresa e deixaram legados importantes para a próxima geração de executivos, que se beneficiarão deste patrimônio herdado, e que serão traduzidos em ganhos de competitividade e facilidade no atingimento de suas metas. Evidentemente que tudo o que é herdado consiste em aspectos positivos e negativos e tal legado deve ser analisado sob a perspectiva do saldo remanescente, que deve ser necessariamente mais positivo do que negativo, claro. Uma pergunta que frequentemente faço aos CEOs de diferentes empresas, refere-se ao legado que deixarão na empresa, quando o seu período de plantão momentâneo se encerrar e uma nova geração chegar. A maioria entende e se preocupa com o tema, porém quase nenhum relata ter uma metodologia específica que trate do assunto de forma clara e precisa. O CEO de qualquer empresa deve ter em mente que a sua posição está muito além da entrega dos resultados esperado pelos acionistas. Esta função traz em si a definição da agenda da empresa, do foco e para onde todos os colaboradores devem olhar. Ao trabalharem por objetivos que vão além dos relatórios financeiros, a empresa impactará não apenas as atuais e futuras gerações, mas também o reflexo de suas ações na sociedade. É dever do conselho de administração de qualquer empresa, que representa os acionistas, ter métodos de avaliação de construção de valor no tempo, para além do grupo de executivos que cuidam do dia a dia da empresa. Passar um tempo em uma empresa e entregar todos os resultados financeiros esperados é importante, necessário e uma obrigação de uma equipe executiva, mas é muito pouco para quem tem a oportunidade e o privilégio de poder deixar uma marca relevante para as próximas gerações, que ainda nem pensam em trabalhar na empresa que atualmente você por acaso, esteja de plantão. O legado fará parte de sua história. É o que fica no tempo. A entrega dos resultados é o mínimo que se espera de uma equipe executiva. O legado é antes de tudo uma questão pessoal e que a vida nos cobra.
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